Na busca por uma educação de qualidade, é indispensável a dedicação à construção de um ambiente que promova a autonomia dos alunos. A riqueza de criações possíveis quando nos abrimos a escutar os estudantes pode impressionar. Mas, para fazer isso acontecer, é necessário investir na curiosidade e na criatividade para o planejamento e a realização de pesquisas e projetos. Os processos educativos podem tomar vida vibrante quando construídos conjuntamente.

 

Para que uma educação seja de qualidade, é preciso que faça sentido para as pessoas envolvidas. Paulo Freire trouxe muito deste conceito em sua Pedagogia da Autonomia. O conhecimento precisa ter pertinência e utilidade perceptível no dia a dia de cada aluno. Estudantes empenhados em construir sua própria trajetória de aprendizado acabam muito mais envolvidos, o que traz efetividade no processo educativo.

 

Investir no protagonismo de cada agente é de extrema importância para que vários aspectos de aprendizagem se consolidem. Este recurso contribui para  trazer sentido e vontade de melhorar o ambiente escolar no qual os estudantes estão inseridos. Ao colocar os saberes e desejos dos estudantes no centro, o propósito é fazer com que sejam capazes de decidir e comprometer-se, que sejam sujeitos de sua própria aprendizagem. Quando isso acontece, o horizonte se amplia. Os alunos podem passar a elaborar  hipóteses e a investigar a realidade que os cerca, reconhecendo e dialogando com a cultura local e demais aspectos do território. Também podem recorrer a conhecimentos apreendidos nas disciplinas escolares para intensificar essa investigação e trocar com os seus colegas, vivenciando práticas democráticas e cidadãs.

 

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Espera-se que esse esforço resulte em  mobilização constante e ativa, gerando cada vez mais engajamento social e comunitário. Como poderiam os jovens estar alheios ao processo educativo dedicado a eles?

 

Por isso é tão relevante a diversificação de linguagens e a promoção de novas organizações dos tempos e espaços escolares. Sabemos que são propostas que desafiam a estrutura escolar, por demandar um trabalho integrado, mas também sabemos que simples movimentos podem trazer significativas mudanças. Toda disposição em criar tempos de escuta das crianças e jovens é uma preciosa contribuição. Ainda mais quando conseguimos pensar formas de trazer os estudantes para a participação, gestão e tomada de decisão acerca do funcionamento da escola.

 

E se cada um pudesse contribuir para a construção de uma educação de qualidade? É hora de participar e colocar a mão na massa! A seguir compartilhamos algumas sugestões.

 

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Assembleias

As assembleias ampliam a participação e o envolvimento dos jovens com a comunidade escolar e, por consequência, aumentam a implicação com o próprio aprendizado. As assembleias escolares têm sido reconhecidas como uma estratégia importante de envolvimento e participação dos estudantes. Elas podem acontecer nas escolas em três diferentes níveis: a assembleia escolar, com a participação representativa de direção, docentes, estudantes normalmente dois estudantes de cada série/ano e funcionários; a assembleia docente, que conta com a participação de todos os professores e professoras e da direção da escola e por fim a assembleia de classe envolvendo professores e alunos. (ARAÚJO, p.122, 2008). Este incentivo à escuta e à diversidade oportunizam novas práticas que apoiam a melhoria da qualidade da educação.

 


Pesquisa e Projetos

A partir da apresentação de situações do mundo colocadas à disposição dos estudantes para debate e registro das ideias – reportagens, letras de música, fotografias, dados estatísticos –, professores e estudantes formulam questões a orientarem um trabalho de investigação, mobilizando diferentes áreas do conhecimento. Conheça a metodologia das “Ambiências Criativas” neste vídeo.

 

 

Comunidades de aprendizado

Outra forma de trazer autonomia e colocar os jovens no protagonismo da educação é criar comunidades de aprendizagem para que possam traçar suas trajetórias de conhecimento. Quando jovens e, inclusive, crianças se deslocam como protagonistas ao centro da educação, existe um potencial gigantesco de ampliar o sentido de todo o processo de aprendizagem.

 

PVE como espaço de autonomia

Em Imbituba, em Santa Catarina, o grupo de mobilização social de jovem do PVE estão botando a mão na massa. Por lá, os jovens decidiram fazer vídeos para fazer sugestões ou caminhos que podem tornar as aulas mais interessantes aos professores, com temas que os interessam. A iniciativa surgiu a partir de um espaço de autonomia e liberdade proporcionado durante a formação do grupo de jovens da frente de Mobilização Social do PVE.

 

— É uma atividade que eu achei super interessante por ter partido deles mesmos e por ser uma coisa que dialoga bastante com as redes sociais, ter suas vozes ouvidas por mais gente, dando dicas, pensando no seu próprio aprendizado, como é que eles aprenderiam melhor — aponta Gabriel Limaverde, formador do Cedac que mediou o encontro.

 

Por enquanto, os vídeos ainda estão na fase de produção – mas várias escolas já estão trabalhando nos seus roteiros.