“Tem que meter a colher, sim!”, afirma Itamar Batista, da Childhood Brasil

Na manhã desta quarta-feira (13), o Webinar PVE recebeu Itamar Batista, gerente de advocacy da Childhood Brasil, para falar sobre canais de denúncia e os meios de atendimento para a garantia dos direitos das crianças. A Childhood Brasil é uma associação privada sem fins lucrativos que atua com o objetivo a proteção à infância e à adolescência, focando no enfrentamento do abuso e da exploração sexual contra crianças e adolescentes. A organização foi criada em 1999, pela rainha Silvia, da Suécia, e faz parte da World Childhood Foundation, instituição que tem escritórios na Suécia, Alemanha e Estados Unidos.

Dados trazidos pelo especialista noticiam que pelo menos 4 crianças ou adolescentes são vítimas de violência sexual no Brasil a cada hora, junto com a informação de que a estimativa é que até 10% dos casos sejam notificados às autoridades. Isso, quando falamos de épocas “normais”. Durante a pandemia de Covid-19, ainda não temos os números para saber se isso está acontecendo mais vezes.

— Poucas pessoas sabem que em caso de flagrante, você pode chamar a Polícia Militar. Se você ouve uma criança gritando ou pedindo socorro, não precisa acionar o Conselho Tutelar, ou via Disque 100. Você pode chamar a Polícia Militar, que eles vão ver o que está acontecendo. O importante é não se omitir e, de fato, tomar uma atitude. Temos um ditado, que diz que em briga de marido e mulher não se mete a colher, mas a gente diz que tem que meter a colher sim! — aconselha. 

Itamar lembra que a principal proteção a ser feita é a educação sexual, ensinando a criança sobre seu próprio corpo e como defender-se. O especialista conta que a chance de abuso é menor quando as crianças sabem proteger a si mesmas e dizer não.

— É preciso ensinar a criança, nos primeiros anos de vida, quais partes do corpo são públicas e quais são privadas, ensinando o nome de cada parte. Em caso de uma entrevista posterior, ela poderá apontar onde foi tocada e o que aconteceu com mais detalhes — recomenda.

Itamar relata que, na chegada da pandemia no Brasil, a própria Childhood Brasil pesquisou quais decisões estavam sendo tomadas para a segurança das crianças nos outros países durante este período. O resultado é que os países desenvolvidos já têm seus próprios mecanismos de defesa mais estruturados que os brasileiros, mas ainda assim aumentou a quantidade de casos de violência contra crianças e adolescentes.

— Recentemente, ficamos sabendo de um aprimoramento do Disque 100, para quem não conseguia ser atendido antes. Parece que essa situação foi contornada agora.

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