“Não é possível transpor a escola para dentro de casa. Não é a mesma coisa”, afirma Natacha Costa, da Associação Cidade Escola Aprendiz

Nesta terça-feira, Natacha Costa, Diretora da Associação Cidade Escola Aprendiz, foi a convidada do Webinar PVE. A organização faz parte do Centro de Referências em Educação Integral, sistematizando conhecimento produzido em diferentes redes e escolas brasileiras, práticas e políticas de educação integral. Apesar do que o nome pode parecer, educação integral não se refere, necessariamente, a escolas com uma jornada mais longa de horas para os alunos, mas sim uma educação que permite ao aluno ter uma educação sem fragmentação radical dos componentes curriculares e que tenha sentido para os estudantes, de acordo o que define a Base Nacional Comum Curricular.

—Não é o tempo que define o que é a educação integral. Há escolas de tempo integral que não fazem educação integral e escolas de jornada normal que fazem educação integral — alerta Natacha.

Para essa conversa, o objetivo é promover a reflexão sobre os objetivos da educação integral durante a pandemia de Covid-19. Reconhecendo que os pais estão em casa com os filhos, a especialista relembra:

— Não é possível transpor a escola pra casa. não é realista, não é a mesma coisa. Primeiro, pais, mães e cuidadores não são professores e não tem formação pra isso, não constituíram capacidades para serem mediadores. A escola não é só os conteúdos e aprendizados escolares. A escola é a experiência da cultura, socialização, espaço de vivência do público, onde convive com a diferença, onde a gente produz subjetividades, ou seja. Essa experiência da escola não é possível ser transposta para a casa — explica.

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Enquanto organizações, secretarias e escolas, Natacha defende que é preciso refletir sobre quais são as melhores alternativas para apoiar as famílias nesse momento, muito além de conteúdos a repassar, sem querer realizar a substituição do que está sendo perdido na escola. 

— A gente precisa se perguntar e definir com bastante clareza que objetivos podemos estabelecer. Para que a gente não possa ficar buscando essa transposição e fracassar — reflete.

Para Natacha, o que é válido para os estudantes, agora, é mantê-los em contexto de aprendizagem. Independente de manutenção de conteúdo ou avaliações tradicionais, todo o trabalho das escolas e entidades deve se voltar a fortalecer a ligação com o aprendizado, para evitar a evasão no retorno do funcionamento presencial das escolas.

— O objetivo é manter as crianças em algum contexto de aprendizagem e apoiar as famílias, não só na educação, mas em contexto social. É um risco muito grande se ausentar das vidas das nossas crianças — finaliza.

Materiais deste webinar:

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