“A gente precisa salvar o professor para poder salvar as crianças”, afirma Priscila Cruz, do Todos Pela Educação

Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, enxerga na intersetorialidade o apoio necessário para que a Educação Brasileira não deixe nenhum para trás:

— O que vier no planejamento de agora vai ser fundamental nos anos seguintes, e essa resposta depende de uma questão intersetorial. A educação não conseguirá fazer sozinha o que tem que ser feito. 

Priscila foi uma das convidadas da edição especial do Webinar PVE desta segunda-feira (6), que também recebeu Cloves Carvalho, diretor-presidente do Instituto Votorantim e Anna Carolina Bruschetta, coordenadora da Parceria pela Valorização da Educação (PVE). A mediação foi de Carolina Nunes, analista do Instituto Votorantim. Os convidados discutiram os desafios e legados durante e pós-pandemia de Covid-19. A sessão foi aberta ao público. 

— As secretarias de Educação não vão se recuperar só com o trabalho da educação. As secretarias de Fazenda, Saúde, Planejamento e Assistência Social precisam trabalhar a favor da Educação, para que a Educação se recupere — orienta Priscila.

A intersetorialidade já apareceu em outras edições do Webinar PVE como um caminho possível para um trabalho mais eficiente nas administrações municipais de Educação, como pontuou a doutora em Política Social Heloisa Mesquita, em edição de maio do encontro virtual. Clique aqui para ler mais.

“A intersetorialidade envolve uma disposição de entrar com estratégias e ações que possam fazer a diferença”, afirma Heloisa Mesquita

Sobre o retorno à sala de aula “normal”, Priscila lembra que mesmo quando voltarmos, estaremos longe da normalidade anterior. Priscila lembra que além dos impactos na aprendizagem em função do tempo afastados do ambiente escolar, os desdobramentos da pandemia de Covid-19 também são intensos no âmbito emocional.

— Os alunos não vão voltar numa segunda-feira, bateu o sinal, todo mundo vai para a aula de matemática. Tem que pensar em uma gradualidade de retorno, o calendário tá sendo reorganizado, tem muitos atores envolvidos — explica.

Com isso, a presidente-executiva do Todos Pela Educação sugere a gestores e prefeitos que organizem um sistema de suporte à saúde mental de professores e alunos. Ela lembra que, além dos estudantes, professores também estão sofrendo e vivendo em condições difíceis. Há a readaptação do ofício, o próprio distanciamento social, possíveis perdas familiares, dificuldades financeiras no núcleo familiar, situações de violência doméstica. Os professores também estão sofrendo.

— Tem uma palavra que antecede o trabalho com o professor, que é Acolhimento. Pensando em um avião, o(a) aeromoço(a) diz: em caso de emergência, ponha a máscara de oxigênio em você e depois nas crianças. É a mesma coisa. A gente precisa primeiro cuidar dos adultos que cuidam das crianças, salvar o professor pra poder salvar as crianças — acredita.

PVE promove webinários sobre planejamento para retomada das aulas presenciais

Depois do acolhimento aos professores, a presidente-executiva do Todos Pela Educação reafirma que as escolas não devem voltar com pressa de bater metas e cumprimento de dias letivos, mas sim promover um espaço de escuta também com os estudantes, para que eles comecem a processar o trauma da pandemia.

— As crianças precisam voltar a se conectar com a escola, falar como foi esse período. Acho que vai ser um erro se começar diretamente no ritmo de que tem que ter aula e avaliação. Não é perda de tempo, é ganhar tempo. Se não tiver um momento de absorção e reconexão, religar, a aprendizagem só acontece na conexão e você tem que construir uma comunidade de confiança — finaliza.

Materiais deste webinar:

— Assista à videoconferência completa: clique aqui