Caso você não possa assistir ao vídeo acima, leia abaixo o que os especialistas Aluísio Gomes da Silva Junior, médico sanitarista, Cléria Melo, secretária de Educação de Três Marias (MG), Claudia Attis, gerente executiva de enfermagem do BP Mirante e Silvia Christ, infectologista do BP Mirante, disseram:

 

 

Aluísio Gomes da Silva Junior, médico sanitarista e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF)

 

Pensem nos ambientes das escolas. Pensem nos ambientes das creches, dos postos de saúde, de qualquer lugar que aglomere gente. Como fazer vigorar a distância mínima de um metro e meio a dois entre as pessoas? Como estabelecer uma nova etiqueta de uso de máscara sempre que houver problemas respiratórios? Então, temos estruturas suficientes para garantir máscara para todos? Estruturas de higiene e distanciamento? Essas são as primeiras perguntas.

 

Óbvio que vamos ter que pensar com muito cuidado aspectos como alimentação, ambientes fechados de aglomeração, a preferência de ambientes abertos para atividades… várias questões vão entrar em jogo nesse novo rearranjo do ambiente e das atividades.

 

Cléria Melo, secretária da Educação de Três Marias (MG)

 

Nesse protocolo, como será essa rotina diária da escola? Por exemplo: a entrada e a saída da escola. Autorizar, por exemplo, somente a entrada de alunos uniformizados, usando máscara, aferir a temperatura desses alunos na entrada da escola, disponibilizar álcool gel em cada sala de aula, fazer um túnel de higienização na entrada da escola, marcar o chão para garantir o distanciamento de pelo menos um metro e meio por aluno… que as carteiras, em sala de aula, também estejam respeitando essa distância de um metro e meio, para proteger nossos alunos. Liberar a entrada de pais na escola só até um determinado limite, estabelecer duas entradas, dois portões de entrada por escola para garantir esse distanciamento de cada aluno… é muito importante que isso esteja muito claro dentro desses protocolos e nova rotina para a volta presencial dos nossos alunos. 

 

É importante também a gente pensar muito na questão da sala de aula. Como vai ser esse distanciamento? É 1,5m? São 2m? Essas mesas e cadeiras, elas serão higienizadas quantas vezes por dia? Na entrada e saída dos alunos? Na troca de um turno para o outro? Vai ter o álcool gel dentro da sala de aula? As janelas poderão ficar abertas, promovendo a ventilação? Higienizar as mãos na entrada da sala? Quantas vezes, durante o turno escolar, os alunos vão higienizar as suas mãos? Como vai ser a questão de brinquedos em sala de aula? Brinquedos que devem ser higienizados. Os professores com uso de máscara e alunos também, durante todo o período que estiverem dentro da escola deverão estar usando máscara, mantendo o distanciamento. A escola vai ter que se organizar nesse sentido, nós sabemos também que a volta dos alunos será de uma forma escalonada, todos não voltarão ao mesmo tempo, até mesmo porque a sala não comporta todos os alunos ao mesmo tempo com esse distanciamento de 1,5m a 2m por aluno. Sabemos que vamos ter que fazer um escalonamento de frequência dos alunos e precisamos garantir a segurança sanitária das escolas, dos alunos, dos professores e de todos os servidores. 

 

Cláudia Attis: Gerente-executiva de Enfermagem no BP Mirante, hospital da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo

 

A decisão não precisa ser exclusiva das escolas. Ela pode ser compartilhada com as famílias, os alunos, enfim, e parcerias. Hoje temos uma grande parceria entre o BP e o Instituto Votorantim para esses webinars, mas nas escolas também. Em dado momento, quando começarmos a entrar nesse diagnóstico e avaliação, de repente precisa de um profissional técnico, da saúde, para ver se o meu roteiro de retorno está certo, se o protocolo de retorno de fato está aderente aos protocolos sanitários. 

 

Fazer isso em parceria, no momento de pandemia que vivemos hoje, é fundamental para que essa roda funcione de uma forma mais segura para os alunos.

 

Silvia Christ, Gerente de Práticas Médicas no BP Mirante, hospital da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo

 

Desenvolver acordos com pais e alunos, comunicar o que vai ser feito, como isso vai ser feito, o fluxo para ter algum encaminhamento, para ter um acordo mesmo que as pessoas sintomáticas não vão entrar na escola. E definir a referência: pode ser qualquer referência: um gestor da instituição que vai fazer isso, é algum serviço de saúde que vai encaminhar? Exatamente uma referência para ter esse fluxo rápido. Para a triagem, como vimos, a febre é um sinal maior, mas pode não estar presente. Além da aferição da temperatura, é importante que nessas triagens de sintomáticos estejam identificados outros sintomas.

 

Cláudia Attis, gerente executiva de enfermagem do BP Mirante

 

O que a gente está falando aqui é, sobretudo, uma mudança de cultura. Uma mudança de hábitos. Não tem como a gente partir para uma implantação, que é fundamental para conseguir ajustar e fazer com que esses hábitos se tornem rotina, porque o vírus vai continuar aí e temos que conviver com ele. É extremamente importante que todos os públicos recebam as orientações referentes ao Covid-19. Precisam saber quais são as medidas, o que está acontecendo dentro e fora do meu município, então os públicos de diversas naturezas das escolas precisam conhecer isso. 

 

Tem que perguntar, e aí os gestores em especial, perguntar da equipe quais são as suas dúvidas? De repente, parte do que estamos falando aqui não são dúvidas de quem está na ponta. É muito claro para nós mas talvez sejam diferentes perguntas ou sejam outras naturezas. Simplifique e vá direto ao ponto: a forma mais simples, a linguagem mais simples para que a população faça aderência a esse novo hábito, entre os alunos, professores, família, seja parte desse processo de mudança. Tem que se comunicar, tem que falar, tem que trabalhar em rede, porque se não, dificilmente a gente tem uma adesão a essas mudanças de hábito.