Começamos a caminhada do PVE 2021 na manhã desta terça-feira (23), com o Seminário de Educação da Parceria pela Valorização da Educação. Transmitido pelo YouTube, o seminário será o primeiro em uma programação de dois dias de palestras e mesas redondas com especialistas de todo o país. Na quinta-feira (25), secretários de Educação e representantes dos municípios do PVE devem conhecer o projeto do programa para 2021.

 

Como já é tradicional, a abertura institucional foi feita por Cloves Carvalho, diretor-presidente do Instituto Votorantim, acompanhado de José Roberto de Moraes Filho, Conselheiro do Instituto Votorantim e Ricardo Carvalho, Diretor-presidente da CBA e Presidente do Conselho do Instituto Votorantim.

 

 

 

A palestra magna do dia foi de Laura Muller Machado, docente do Insper (SP), que trouxe os principais dados da pesquisa Indicadores das Consequências da violação do Direito à Educação, feita em parceria do Insper com a Fundação Roberto Marinho (FRM). Assista à palestra no vídeo acima. O estudo, iniciado antes da pandemia de coronavírus, buscou estimar quais são os prejuízos à vida de um estudante que não conclui a Educação Básica – ou seja, até o nono ano – pode enfrentar em função desse déficit.  Acesse o site da pesquisa aqui.

 

A pesquisa revelou que, de todos os bebês que nascem no Brasil, pelo menos 17% deles não deverão concluir o Ensino Básico na idade adequada para isso. Ou seja, de 3,3 milhões de bebês que nascem no Brasil, cerca de 570 mil não têm um diploma de conclusão. Para esse cálculo, a pesquisa considera que 3,3 milhões de bebês nasceram em 2002 no Brasil, o que faria com que, em 2018, tivessem 16 anos, a idade máxima para término dessa etapa. Mesmo esse número estando em queda nas últimas décadas, ainda é uma quantidade considerável de jovens que estão ficando para trás.

 

— Um jovem que não conclui a Educação Básica tem um salário entre 20% a 25% menor que um jovem que concluiu a Educação Básica — explica Laura.

 

O estudo divide as consequências em quatro áreas: empregabilidade e remuneração, longevidade e qualidade de vida, externalidades econômicas e cultura de paz.

No material disponível no site da Fundação Roberto Marinho, você pode acessar todos os resultados, conforme a esfera escolhida.

 

— A apresentação da Laura foi riquíssima para o público do PVE, a palestra da Laura trouxe elementos importantíssimos para o que falamos depois. Ela falou não só sobre o direito da aprendizagem, mas também sobre o fato de que o países desenvolvidos inclusivamente, como se diz nas ODS, mas ela mostrou também que a não frequência a escola, não falando só da pandemia, tem impacto para além dos direitos de aprendizagem mas também na própria economia do pais e nos ganhos futuros de cada um desses jovens — opinou Claudia Costin.

 

Quais são os Desafios das Secretarias de Educação no Contexto da Pandemia?

 

 

Mesa redonda entre especialistas no primeiro dia do Seminário do PVE 2021

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Relembrando o compromisso assinado pelo Brasil com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), Claudia Costin altertou que o prazo para o atingimento da meta todos os estudantes com Educação de qualidade está se aproximando, em 2030. Com isso, a especialista afirma que ainda vamos sentir os impactos da pandemia de coronavírus por um longo período e sugere que as escolas optem por adaptar um modelo híbrido de trabalho para que a aprendizagem dos estudantes seja garantida.

 

— Não vai ser fácil reorganizar a BNCC dentro do currículo desse ano, mas nós teremos que priorizar. Além disso, precisaremos fazer algum tipo de avaliação diagnóstica, para saber quais foram as aprendizagens que, na média, não aconteceram, e as que precisam ser reforçadas — aconselha.

 

Olhando para a gestão, a presidente-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, relatou o trabalho que diversas organizações estão realizando, nesta semana, contra a retirada do piso da Educação Pública. O tema deve ser votado no Senado na próxima quinta-feira (25). A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) propõe, entre outras medidas, que o piso mínimo para investimento em saúde e educação deixem de existir em momentos de crise fiscal e as despesas destinadas ao Fundeb (fundo da educação básica), também deixariam de ser obrigatórias para essa área.

 

— A gente tem a pandemia e seus efeitos brutais na Educação, a total ausência do Ministério da Educação e, agora, até o perigo iminente de termos um Fundeb inexistente. 

 

A presidente do Todos pela Educação defende a criação de uma política imediatas para mitigar e reduzir os prejuízos da pandemia nas escolas e, além das ações de curto prazo, as de longo prazo devem continuar: ampliação do tempo integral, as políticas de primeira infância, as políticas de alfabetização e regime de colaboração entre estados e municípios, a implementação da BNCC e a formação dos professores.

 

O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais, o professor Luiz Miguel Martins, ecoou o posicionamento de Priscila sobre a possível desvinculação do Fundeb a ser votada no Senado. Luiz Miguel defende que o investimento (ou a falta dele) proporcionado pelo Fundeb, principalmente na Educação Infantil, deve trazer consequências até na evasão escolar na próxima década.

 

— A Educação Infantil é uma porta do aluno para o mundo escolarizado. Se essa experiência for traumática, se formos deficientes nesse processo, nós seguramente teremos alunos do Ensino Fundamental, do Médio, com problemas de aprendizagem. O Fundeb como está, permitirá, com o passar dos anos, retomar esse e tantos outros investimentos — conjectura.

 

— Luiz Miguel, presidente da Undime, disse algo muito importante: “temos que retomar para o novo”. Não é uma retomada de onde paramos antes do fechamento das escolas. Teremos um cenário ainda mais heterogêneo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças e dos jovens — acredita Priscila Cruz, do Todos Pela Educação.

 

Por um ponto de vista epidemiológico, o epidemiologista Wanderson Oliveira, ex-secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde levantou as questões de saúde necessárias para o planejamento de um retorno presencial. O especialista aponta que não deveremos ter vacinas disponíveis para todos os brasileiros em 2021 e, por isso, a preparação para um retorno escalonado é precisa. Observando estatísticas de consequências para o fechamento da escolas, Wanderson trouxe:

 

— Temos estudos sobre o período depois de grandes conflitos, que apontam que até 30% das crianças em quarentena desenvolvem os critérios clínicos para Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) — conta.

 

Acesse a apresentação de Wanderson Oliveira sobre os impactos do isolamento em crianças

 

Guias, ferramentas e materiais:

— Agenda dos Cem primeiros Dias de gestão: clique aqui

Estudo Indicadores das Consequências da violação do Direito à Educação: clique aqui

— Apresentação de Laura Muller Machado sobre as consequências da violação dos direitos dos estudantes, clique aqui

— Apresentação de Wanderson Oliveira, sobre os riscos do isolamento social em crianças: clique aqui