No 4º dia de formação educacional na Finlândia, na quinta-feira (5), os gestores educacionais brasileiros tiveram a oportunidade de conhecer duas escolas com perfis diferentes: a Kulosaari Comprehensive School, dedicada a estudantes do Ensino Fundamental I e a Kulosaari Secondary School, para alunos do Fundamental II e Ensino Médio. Ambas, muito próximas geograficamente uma da outra, estão localizadas na Ilha de Kulosaari.

 

A primeira instituição, inaugurada em 1966, é uma escola pública bilíngue com 351 alunos de turmas do 1º ao 6º ano, além de 25 professores, 7 assistentes e 2 auxiliares de limpeza. Assim como as outras que o grupo já visitou, tem uma arquitetura fantástica, com pé direito alto, espaços amplos e muitas janelas e portas de vidro, que privilegiam a entrada de luz natural, além de ambientes integrados. A sala de aula é utilizada, mas toda a escola e os espaços públicos também são considerados ambientes de aprendizagem.

 

“É muito importante que os alunos conheçam bem a cidade onde vivem e aprendam com estes espaços. Como temos gratuidade no transporte público para fazer passeios com os alunos, saímos muito com eles”, disse Susanne Saragosa, professora do 6º ano em inglês.

 

Nos corredores também há lugares de estudo que podem ser utilizados, como mesas, pufes, cadeiras, poltronas confortáveis, tapetes, entre outros elementos que tornam o local acolhedor e confortável. Os alunos se sentam juntos, em grupos de quatro ou mais, para que possam desenvolver atividades em conjunto durante as aulas.

 

Assim como em outras escolas, esta também trabalha com um tema transversal que norteia todas as atividades ao longo do ano, como por exemplo o sol, assim como mudanças climáticas.

 

 

Alunos calmos e silenciosos

 

O grupo notou algumas características interessantes: a campainha que avisa os alunos sobre o recreio, tem um som suave e delicado, assim como o apito que a professora de Educação Física utiliza nas aulas é mais baixo que o tradicional. As crianças dificilmente elevam o tom de voz. Todos parecem calmos, somente destoando em pouquíssimas oportunidades os alunos com necessidades especiais, em sua grande maioria, autistas.

 

Não foi possível observar nas escolas crianças com síndrome de Down e outras necessidades. A explicação que foi dada é a de que, na Finlândia, o aborto é legalizado em todas as situações.

 

A diretora da escola Maria Isohanni disse que os alunos vão para a escola de transporte público, em sua grande maioria, sozinhos, a partir dos 7 anos e isso é muito incentivado pela escola. “A cidade é muito segura e o acesso é fácil. Além do mais, estimulamos que eles caminhem por Helsinque e desenvolvam sua autonomia”, comentou. Durante o recreio, que dura 30 minutos, somente há três supervisores para cuidar das crianças. Os próprios professores da escola se revezam nesta função.

 

 

 

 

Kulosaari Secondary School

 

Terminada a visita na primeira instituição, o grupo caminhou durante 5 minutos até a Kulosaari Secondary School, uma escola privada internacional, com aulas em inglês, finlandês ou em ambos os idiomas. Há representantes de mais de 40 nacionalidades e o estudo orientado por objetivos individuais é valorizado, além de ter um ambiente diferenciado, incluindo cafeteria, biblioteca e salas temáticas. A escola foi fundada em 1940 e tem 930 alunos. Metade está no Ensino Fundamental II (13 a 15 anos) e a outra metade no Ensino Médio (16 a 18 anos).

 

Existem hoje 75 escolas privadas em toda a Finlândia, mas os alunos não pagam nada para estudar nelas. A diferença para as públicas é a de que elas são donas do próprio prédio em que estão instaladas e o governo federal repassa recursos diretamente para a instituição fazer a gestão do orçamento. As famílias que querem uma pedagogia específica são as que normalmente procuram as escolas privadas, que contemplam alguns recortes educacionais como escolas Waldorf, Montessori, instituições com religiões específicas, entre outras.

 

 

Assim que o grupo chegou, o vice-diretor Richard Cousins fez uma apresentação sobre a instituição e acompanhou o grupo numa visita guiada. Ele comentou que, aos 13 anos, os estudantes precisam fazer uma entrevista para entrar na escola, além de possuírem uma nota mínima necessária. “Cada aluno escolhe 5 escolas que ele gostaria de estudar e de acordo com as notas obtidas ao longo do Ensino Fundamental, eles estão aptos ou não”, disse, ressaltando que para entrar na Kulosaari Secondary School há muita concorrência pois eles não são uma escola finlandesa tradicional.

 

Salas temáticas e diferenciadas

A arquitetura é um pouco diferente, pois a escola foi construída num terreno acidentado e inclinado, com muitas pedras. Então as salas não ficam próximas umas das outras. Há salas temáticas como a sala Coca-Cola, de Matemática, a sala da reciclagem, feita a partir de materiais reutilizados, a sala ‘Harry Potter’, num estilo tradicional, entre outras.

 

Cada disciplina é dada numa sala e os alunos caminham até lá. As salas mudam de turmas 5 vezes ao ano e há painéis como os de aeroportos para ajudá-los a se localizarem. Cada estudante tem a sua própria grade escolar.

 

E quem chega atrasado na aula ganha advertência. Os alunos podem atrasar até 5 vezes em 8 semanas. E se isso acontecer, eles recebem uma punição: uma hora trancados, sozinhos numa sala sem fazer absolutamente nada. Há uma alternativa para isso e, quando há permissão dos pais, é possível trocar a detenção por 30 minutos de serviços comunitários, que vão desde atividades como arrumar as salas, recolher as folhas das árvores, ajudar os auxiliares de limpeza, entre outras coisas.

 

Da mesma forma, outros comportamentos ruins também recebem a mesma punição, como fumar na escola, sair sem avisar, brigar, etc. Algo mais grave, como uma ofensa racial ou uma agressão pode acarretar duas semanas de suspensão. Nesses casos, o Conselho Tutelar deve ser notificado, além da polícia.

 

 

Embaixada do Brasil na Finlândia

Terminadas as visitas, a ‘comitiva’ seguiu para a Embaixada do Brasil na Finlândia para conhecer o Centro Cultural e ainda conversar com o diretor, Diego Barros, e a diplomata Lilian Pinho, responsável pela área de Cultura, Educação e Inovação.

 

Um dos principais objetivos da Embaixada é disseminar a cultura brasileira e, entre as atividades realizadas, estão o ensino de Língua Portuguesa gratuitamente para pessoas e grupos que desejam visitar o Brasil, além de promover intercâmbios educacionais. Em setembro, eles pretendem lançar um curso também online de Português.

 

Para fechar o dia, Ayla Huovi, professora de Língua Portuguesa na Finlândia, que atuou como tradutora e intérprete do nosso grupo, fez uma conversa com os educadores para tirar todas as dúvidas que surgiram durante a viagem.

 

Por Carolina Nunes, gestora de programas sociais do Instituto Votorantim

 

Ibiraçu e Aracruz foram premiados na categoria Destaque Nacional do Prêmio PVE, nas classificações até 20 mil habitantes e com mais de 20 mil habitantes respectivamente. A premiação ocorreu no início do ano, e se refere a ações realizadas nos municípios referentes a 2018.