1. Sonho

 

O Sonho de um projeto (formado pelo conjunto dos sonhos de cada participante, e pelo compromisso de que todas as pessoas se apoiem, assumindo que o sonho de cada um é o sonho de todos) é o passo fundamental de todo projeto colaborativo. Ele tem múltiplos propósitos: alinha o grupo, gera uma forte sensação de pertença ao projeto e traz informações cruciais, tanto do funcionamento das pessoas envolvidas quanto do que pode fazer o projeto ser bem sucedido.

 

Por isso, ele tem nuances de uma consulta do grupo. Pode ser pensado, dessa forma, como um brainstorming conduzido de forma circular e inspiradora. Todas as respostas são válidas, e o que buscamos é que o grupo entenda que todas as suas partes formam o sonho coletivo (um sonho composto de sonhos). Buscamos o ganha-ganha: cada pessoa querendo ganhar, e querendo que as outras ganhem. Portanto, estimulamos a visão de que cada sonho colocado é também meu sonho, mesmo que eu não concorde completamente com ele.

 

Existe uma flexibilidade quanto ao Sonho. Ele pode ser a primeira construção coletiva do grupo, após a exposição do programa e o reconhecimento da realidade do município. Ou ele pode vir após a definição de ações pelo grupo de jovens.

 

Para os grupos que já criaram um sonho no Ciclo 1, comece o Ciclo 2 relendo o que foi criado. Essa releitura pode envolver os próprios jovens pedindo que um grupo de voluntários façam revezamento.

 

Após a leitura do Sonho, é hora de apresentar, de forma inspiradora, o que foi planejado pelo Grupo de Lideranças. Pode ser uma boa ideia convidar um representante.

 

Então, faz-se um novo convite para sonhar, tanto para envolver novos participantes quanto para adequar o sonho aos requisitos do Prêmio PVE. Existem quatro aspectos avaliados no Prêmio que servem de orientação no Sonho. São eles:

 

Alinhamento às prioridades da Rede de Lideranças; Apropriação da temática; Disposição para agir; Mobilizar outras pessoas.

 

O primeiro deles, Alinhamento às prioridades da Rede de Lideranças, deve ser incentivado a partir da exposição do que foi planejado por essa Rede. Ele vai ser retomado mais adiante, quando forem pensadas as Ações e os Objetivos do projeto dos jovens. Os outros três aspectos vão ser estimulados a partir de perguntas geradoras que podem ser utilizadas a partir da segunda rodada do Círculo dos Sonhos – e incluímos também uma pergunta para o Alinhamento às prioridades da Rede de Lideranças, já que pode ser relevante em algum caso.

 

Na primeira rodada, sugerimos usar a pergunta padrão, mais genérica:

O que nosso projeto precisa ter para que eu sinta que ele é 100% meu também?

A partir da segunda rodada, pode-se abrir para outras perguntas, que estimulem os jovens a criarem a visão do seu projeto de uma forma adequada ao Prêmio. Não há uma ordem prevista para cada pergunta, e elas não são obrigatórias, pois é possível que esses aspectos já estejam contemplados naturalmente pelo sonho do grupo.

 

Alinhamento às prioridades da Rede de Lideranças:

O que precisa acontecer para que nosso projeto apoie as ações da Rede de Lideranças de uma forma que seja inspiradora para nós?

 

Apropriação da temática:

O que precisa acontecer no nosso projeto para que sintamos que a temática da educação é nossa temática, nos sentindo totalmente apropriados dela?

 

Disposição para agir:

O que precisa acontecer para ficarmos mais estimulados a agir no nosso projeto e, assim, concretizar nossos sonhos?

 

Mobilizar outras pessoas:

O que precisa acontecer para que nosso projeto envolva mais pessoas nas suas ações, ou para que mais pessoas ajam em prol da educação?

 

2. Ações

 

As ações são a indicação do que se quer fazer de concreto. No universo da Rede de Lideranças, as Ações escolhidas são a indicação principal que organiza o planejamento em cada município. Já no contexto dos grupos de jovens, as Ações podem ser uma opção para organizar os projetos definidos.

 

Se o grupo de jovens começou o seu processo fazendo um Sonho, passar por um momento de definição de Ações pode ajudar a ter o processo mais organizado. Já se o grupo começou escolhendo um projeto mais definido, pode-se entender esse projeto como uma Ação ou conjunto de ações, e então construir o Sonho a partir dela.

 

Pensando o Prêmio PVE, a definição das Ações deve ser informada pelos seguintes aspectos:

  • – Alinhamento às prioridades da Rede de Lideranças
  • – Contribuição para a evolução das competências priorizadas

 

Se o projeto começou com o um Sonho, existem algumas opções para como criar Ações a partir dele.

 

Uma primeira opção é, após o Círculo dos Sonhos, abrir uma conversa com o grupo de jovens orientada pela seguinte pergunta:

Quais ações podemos fazer para realizar nossos sonhos e colaborar com a Rede de Lideranças?

 

O processo de responder a essa pergunta pode ser uma conversa aberta, na qual as principais ideias vão sendo anotadas em um local visível. Na condução da conversa, algumas podem ser abandonadas, outras podem ser fundidas.

 

Um aspecto importante de ser lembrado é a importância de apoiar com as ações da Rede de Lideranças, e colaborar com o desenvolvimento da competência priorizada por eles. Se isso estiver sendo perdido de vista, a seguinte pergunta pode passar a orientar a definição das ações pelo grupo de jovens:

O que precisamos incluir nas nossas ações para contribuir com a evolução da competência priorizada em nosso município?

 

Uma forma complementar de selecionar as ações é pedir que cada jovem com uma ideia a exponha. Então, esses jovens devem formar um círculo, olhando para o centro do círculo e com um espaço entre eles. Cada jovem representa a sua ideia. Os demais jovens devem então se levantar e se colocar atrás da ideia que responda a seguinte pergunta:

Qual ação eu entendo que vai melhor contribuir com as ações da Rede de Lideranças, e melhor evoluir a competência priorizada em nosso município?

 

Após um período de alguns minutos em que os jovens se colocam atrás dos representantes das ideias, os próprios representantes podem também se mexer. Os espaços onde eles estavam ainda representam suas ideias, mas eles mesmos podem optar por participar de outra ideia. Assim que eles se mexerem, os outros jovens também podem se mexer, até que, após 5 minutos, todos estejam nas posições que preferem.

 

Essa dinâmica pode ajudar a priorizar Ações que sejam mais potentes, pensando o Sonho dos jovens e sua relação com a Rede de Lideranças do município. Além disso, já pode servir para criar subgrupos entre os jovens, e cada subgrupo pode ficar responsável por realizar uma Ação distinta.

 

3. Objetivos

 

Os Objetivos servem para gerar mais entendimento sobre cada Ação escolhida. Eles são uma construção opcional, e são especialmente úteis quando temos ações mais complexas, ou quando o que forma ação ainda não está muito evidente.

 

Os objetivos se relacionam com os seguintes aspectos do Prêmio PVE:

  • – Promoção de engajamento de pais e responsáveis 
  • – Apropriação da temática
  • – Mobilizar outras pessoas

 

Para a construção dos objetivos, cada participantes escolhe uma Ação e pega de três a cinco post-its. Em cada post-it, ele vai colocar uma resposta diferente para a seguinte pergunta:

O que precisa ser alcançado para realizarmos todos os sonhos do nosso projeto?

 

Após um tempo determinado (5 minutos costumam ser suficientes), os jovens vão agrupar suas respostas. Trabalhando por grupos por Ação, um jovem vai primeiro e cola qualquer de suas respostas em uma parede, quadro ou folha grande. Um segundo jovem se aproxima com uma das suas respostas e lê a que já está colada. Então, ele decide: se a resposta que está na sua mão tiver uma relação com a que está colada, ele deverá colar a sua embaixo. Se não tiver, deverá colar longe, abrindo um novo espaço. Após todas terem sido coladas, ainda é importante ter um tempo para revisões: qualquer pessoa pode pegar qualquer resposta e movê-la para o agrupamento que achar mais apropriada. Se houver conflito de ideias, elas precisam ser conversadas. Pode-se resolver disputas criando um novo papel com uma resposta parecida, por exemplo. Assim, todas as respostas devem ficar agrupadas por temas.

 

Após o agrupamento, os jovens devem dividir-se em duplas e criar uma frase síntese para cada um dos grupos. Essas frases devem conter as ideias que estão nos papéis de cada agrupamento. Elas devem ser:

  • – Limitadas: procurar focar no que o agrupamento está querendo alcançar.
  • – Atingíveis: ser possível de ser alcançado pelo projeto.
  • – Orientadas à ação: ter um verbo.
  • – Condições futuras: coisas que ainda serão alcançadas.

 

O que os jovens estarão fazendo é criar os objetivos específicos da sua Ação. Ter eles em mente ajudará muito na organização das tarefas, além de poder ser um suporte para comunicar sobre cada projeto.

 

4. Tarefas

 

Sabemos que o nível das Tarefas normalmente será realizado após a formação do Ciclo, pelo próprio e com auxílio dos mobilizadores e técnicos de mobilização. Mas ter um conhecimento acerca de sua criação pode ajudar na orientação para esses parceiros, e pode servir como uma carta na manga caso o grupo de jovens tenha chegado até aqui ainda no tempo do encontro.

 

As tarefas são são o nível tático da realização de cada ação. Elas são o passo a passo que deverá ser passado para que cada Ação seja implementada e tenha seus objetivos realizados.

 

Na definição das tarefas podemos cuidar de vários aspectos importantes que serão avaliados no Prêmio PVE:

  • – Apropriação das redes sociais
  • – Estratégias inovadoras
  • – Promoção de engajamento de pais e responsáveis
  • – Promoção de conhecimento de educação entre pais e responsáveis 
  • – Mobilizar outras pessoas

 

A pergunta geradora que dá início ao processo de criação das tarefas é a seguinte:

O que precisamos fazer, pensando num passo a passo, para implementar nossa Ação, realizando nossos sonhos e atingindo nossos objetivos?

 

A maneira mais ágil de criação das tarefas é ter um facilitador por grupo. Cada ideia de uma tarefa é dita em voz alta por um participante e anotada em um post-it pelo facilitador. Então ela é colada em uma folha grande presa na parede ou em uma mesa no centro do grupo. As pessoas podem em seguida aproveitar para indicar uma tarefa que venha antes ou depois dessa (e que então será colada acima dela para as que vem antes, abaixo para as que vem depois), ou indicar uma outra tarefa (que então é colada ao lado).

 

Passados mais ou menos 10 minutos, as tarefas começarem a ficar repetitivas ou se chegar a vinte tarefas, é hora de organizá-las melhor. O grupo pode fazer isso em conjunto ou o facilitador pode ir sugerindo como acha melhor e perguntando se o grupo concorda. O objetivo é se chegar em uma organização cronológica, não tendo necessariamente apenas uma sequência. Pode ser que uma ação envolva tanto a organização de um espaço físico para um evento quanto sua divulgação na internet: esses dois objetivos podem acabar formando duas sequências de tarefas.

 

Quando as tarefas estiverem organizadas em ordem cronológica (de cima para baixo na folha), é hora de conectá-las. Devem estar conectadas as tarefas que precisam se comunicar: quando uma tarefa acaba, quais outras tarefas precisam ficar sabendo disso? Essa é a lógica das conexões.

 

Em qualquer momento da criação de tarefas, é importante fazer uma checagem com os aspectos do Prêmio PVE que tem relação com essa fase. Esses aspectos devem inspirar a criação de tarefas que os contemplem. Isso pode ser feito com perguntas geradoras específicas.

 

Apropriação das redes sociais:

O que podemos fazer para envolver nossa Ação nas redes sociais?

 

Estratégias inovadoras:

Qual a forma mais criativa e inspiradora de realizarmos nossa Ação? O que precisamos fazer para que essa forma aconteça?

 

Promoção de engajamento de pais e responsáveis:

O que precisamos fazer para envolver nossos familiares em nossa Ação?

 

Promoção de conhecimento de educação entre pais e responsáveis:

Como podemos contar para nossos familiares, no nosso projeto, sobre as descobertas que faremos sobre educação?

 

Mobilizar outras pessoas:

Como podemos envolver outras pessoas em nossa Ação?
Como podemos inspirar outras pessoas a realizarem ações como as nossas?

5. Responsáveis

 

Após serem criadas as Tarefas, é hora de definir quem ficará responsável por cada uma delas. Aqui, também temos algumas opções.

 

Toda tarefa precisa de alguém responsável por fazer com que ela aconteça. Não necessariamente essa pessoa será a única a trabalhar na tarefa. A missão dela é convocar as outras pessoas, organizar o cronograma, enfim, puxar e facilitar o processo.

 

No Dragon Dreaming, costumamos perguntar “quem sabe e tem disponibilidade para fazer a tarefa?”. No nosso Planejamento Colaborativo de Mobilização para Jovens, pode fazer mais sentido perguntar:

Quais tarefas você sente vontade e disponibilidade de puxar, cuidando para que elas sejam realizadas?

 

Cada pessoa do grupo coloca suas iniciais, usando uma caneta de cor verde, em todas as tarefas que responderem a pergunta acima. Todas as tarefas precisam ter uma pessoa responsável. Caso alguma tarefa fique sem um responsável, o grupo precisa decidir o que fazer. É possível que mais de uma pessoa se juntem para se ajudarem na responsabilidade por essa tarefa.

 

Também é possível que isso aponte que não há, no grupo, alguma habilidade necessária para puxar essa tarefa. Nesse caso, a sugestão é buscar alguém de fora do grupo para apoiar nessa tarefa. Nesse caso, é importante mudar o nome da tarefa para “encontrar uma pessoa para fazer [a tarefa]” e alguém do grupo se responsabilizar por buscar essa pessoa. Ainda existe a possibilidade de convidar mais pessoas a participarem de cada tarefa, ocupando papéis diferentes: o de Conselheiro e o de Aprendiz. Esses papéis ajudam, respectivamente, no apoio à realização da tarefa e no desenvolvimento das pessoas do grupo.

 

Para convidar pessoas a ocuparem o lugar de Conselheiras de cada tarefa, podemos usar duas perguntas distintas:

Quais tarefas você sabe fazer, mas nesse projeto não tem vontade ou disponibilidade?

 

Essa pergunta busca pessoas do próprio grupo a se colocarem como conselheiras. São pessoas que não estão dispostas a fazer a tarefa acontecer, mas se dispõe a colaborar com dicas e sugestões. Cada participante responde colocando as iniciais de seu nome com uma caneta de cor preta.

 

No universo dos jovens, podemos usar esse papel de Conselheiro para convidar adultos a colaborarem com o projeto, fazendo a seguinte pergunta:

Quem podemos convidar para dar um apoio como Conselheiro (ou Tutor, ou Mentor) em cada tarefa?

 

O contexto de cada tarefa dirá o tipo de apoio necessário, e é uma escolha do grupo (assistida pela Equipe de Mobilização) chamar alguém para ocupar esse papel ou não.

 

O terceiro papel tem uma função interessante, de apoiar no desenvolvimento e aprendizagem dos participantes. Além disso, ele ajuda a fortalecer as relações dentro do grupo, desenvolvendo e inspirando as participantes para a possibilidade projetos futuros.

Quais tarefas eu não sei fazer, mas tenho vontade e disponibilidade?

 

Essa pergunta cria os Aprendizes de cada tarefa. Cada participante responde colocando suas iniciais nas tarefas apropriadas, usando uma caneta de cor vermelha.

 

Não é necessário que as tarefas tenham Conselheiros ou Aprendizes. Mas é possível que, conversando com o grupo, sejam definidas tarefas em que é mais importante o apoio às Responsáveis.