As representantes das cidades de Aracruz e Ibiraçu, no Espírito Santo, arrumaram as malas e passaram uma semana incrível de experiências, muito conhecimento e inovação em Helsinque, na Finlândia. Cada cidade levou uma dupla: Rosa Maria Ghidette Rocha, subsecretária de Educação, e Simoni Sepulchro, técnica da secretaria de Educação, de Aracruz (ES), e Valéria Rosalém, secretária de Educação, e Ingrid Croce, técnica formadora, de Ibiraçu (ES).

 

Os dois municípios foram os destaques nacionais do Prêmio PVE 2018. A premiação é concedida a cidades do programa que são destaque nas três frentes: Gestão Educacional, Gestão Escolar e Mobilização Social. O oferecimento é do Banco Votorantim.

Foram oito dias, em setembro, conhecendo escolas de todos os níveis do sistema educacional finlandês. O país é conhecido por ter uma educação pública de sucesso: desde 2000 está entre os primeiros lugares no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que mede o desempenho escolar mundial. Foram seis escolas visitadas, além da Universidade de Helsinque e a cidade de Tallinn, na Estônia, vizinha à Finlândia.

 

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A gestora de programas sociais do Instituto Votorantim, Carolina Nunes, que acompanhou o grupo nesta experiência, conta que existem escolas privadas no país, mas que os alunos não pagam nada para estudar nelas.
— A diferença para as públicas é a que as privadas são donas do próprio prédio em que estão instaladas e o governo federal repassa recursos diretamente para a instituição fazer a gestão do orçamento. As famílias que querem uma pedagogia específica são as que normalmente procuram as escolas privadas, que contemplam alguns recortes educacionais como escolas Waldorf, Montessori, instituições religiosas, entre outras — informa Carolina.

 

Entre algumas inovações pedagógicas da Finlândia estão o fim da divisão por matérias, ou seja, estudantes se debruçam em cima dos assuntos que mais lhe interessam em forma de projetos, permitindo que a abordagem do conhecimento de forma integrada, como ele é na vida real, com grande potencial de desenvolvimento de competências específicas e gerais por parte dos alunos. As avaliações raramente recorrem ao recurso das provas como instrumento, elas são feitas, em maioria, a partir do desempenho do aluno durante a aula.

 

 

Veja todos os locais que a delegação do PVE visitou na Finlândia no mapa abaixo:

 

 

 

 

O que podemos aprender com os finlandeses?

A realidade brasileira é muito diferente do contexto do país nórdico. A Finlândia investiu em educação na década de 1970, com uma série de medidas que iam na contramão das tendências mundiais, diminuindo a quantidade de horas-aula e tarefas de casa,por exemplo. Em terras tupiniquins, ainda vivíamos a ditadura militar, época em que os poucos índices educacionais disponíveis ilustram a situação da educação no país. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, de 1968 a 1974, 24 a cada 100 crianças de 10 a 14 anos não sabiam ler e escrever. A partir da década de 1990, a proporção de crianças analfabetas cai e, durante o período democrático, em média, apenas 5 a cada 100 crianças de 10 a 14 anos são analfabetas.

 

 

Considerando esta diferença, a partir das vivências proporcionadas pela viagem internacional, o programa Parceria pela Valorização da Educação (PVE) e o Banco Votorantim fizeram a seguinte pergunta: o que podemos aprender com a educação de outros países e trazer para o Brasil?

 

 

— Tivemos a oportunidade de experienciar uma realidade voltada para uma educação de excelentes práticas e de qualidade. Fui para a Finlândia com muitas expectativas e muito entusiasmo de aprender a aprender — conta Ingrid Croce, técnica formadora de Ibiraçu. 

 

— Bom, levarei da Finlândia para Aracruz muita expectativa de inovação. Vi uma educação justa e igualitária. Os estudantes são ativos, constroem seus conhecimentos com articulação e mediação dos professores — aponta Rosa Maria Ghidette Rocha, subsecretária de educação de Aracruz.

 

— Não vou dizer que a gente consiga fazer coisas iguais às que vimos lá, mas experiências semelhantes. Eu acredito que seja possível trazer referências para o nosso município para poder melhorar de forma significativa a nossa educação — ressalta a técnica da secretaria de Educação Simoni Sepulchro. 

 

— Uma das coisas que mais me impressionou, e acho que vai ficar até o resto da minha vida, é o compromisso que o finlandês tem com a educação. Não é só quem está na educação, quem está fora dela também. Eles realmente acreditam que a educação transforma. E quando um povo realmente acredita nisso, eles investem na forma como eles investem. É como se não tivesse limite pra coisa acontecer como ela acontece — aponta Valéria Rosalém, secretária de Educação de Ibiraçu.

 

Para concorrer a uma viagem internacional neste ano, os municípios devem se inscrever em uma das três categorias do Prêmio PVE 2019: Gestão Educacional, Gestão Escolar e Mobilização Social. As inscrições começam no dia 4 de novembro e seguem até 6 de dezembro, no site do PVE.