Se fosse necessário resumir a conversa promovida pelo PVE com o psicólogo Rodrigo Rodrigues, sobre organização e rotina da casa, em duas palavras, elas seriam: aceite e paciência. Confira a íntegra da live aqui.

 

– Estamos vivendo um novo momento. O primeiro passo é aceitar e repensar, adaptar e construir ferramentas para este novo contexto – aconselha Rodrigo.

 

Em muitas casas, pais, crianças e adolescentes estão trazendo as suas rotinas de trabalho e escola para dentro de casa, e por mais que se tente reproduzir os mesmos comportamentos em casa, é necessário ter clareza de que tudo deverá passar por adaptações, e aceitar flexibilizar algumas coisas se faz necessário.

 

Para uma boa harmonia entre as necessidades e expectativas de todos os familiares, esta organização da rotina em casa deve ser construída com a participação de todos os moradores da casa, inclusive as crianças e adolescentes.

 

– É importante ter momento para cada coisa, tentando refletir a rotina anterior mas adaptando para o “estar em casa”, porque as coisas não são iguais – comenta Rodrigo

E complementa:
– Na elaboração destes combinados, a criança precisa ser ouvida. É necessário uma escuta atenta, questionando “o que a gente pode fazer?”

 

Mas Rodrigo adverte, não existe jeito certo ou receita de bolo, por isso a necessidade de se construir esta organização em conjunto. Cada família tem um contexto próprio e somente ela saberá avaliar o que melhor se encaixa na sua realidade.

 

– Não tome para si a obrigação de que tem que dar conta de tudo, de que tem ser perfeito. Divida essa responsabilidade com os outros, aceite que às vezes o feito é melhor que o perfeito. Tenha compaixão por si mesmo – ressalta.

 

E quando voltar às aulas?

O retorno às aulas foi um assunto levantado por meio de questionamentos do público, e Rodrigo invocou uma das frases clássicas da psicologia: “cada caso é um caso”.

– Quando voltar, será diferente. E a comunidade escolar precisará estar instrumentalizada em relação a esse “novo”. E com uma carga emocional nova, com distintas emoções. A escola precisará observar os novos comportamentos, tanto dos alunos quanto dos professores – afirma Rodrigo

 

Por isso é importante, desde já, ajudar as crianças e adolescentes a comunicar suas emoções e ajudá-los a lidar com as frustrações das privações que nos estão sendo impostas, dar nome a estes sentimentos e validá-los.

 

Em síntese, é necessário aceitar que não temos resposta para tudo agora, elas estão sendo construídas dentro deste contexto. As escolas, empresas e famílias estão tentando se adaptar da maneira que podem, e por isso é necessário paciência.

– Este é um momento de pensar em coletivo, seja nos acordos em casa, seja na relação com a sociedade em geral – finaliza Rodrigo.