Caso você não possa assistir ao vídeo acima, leia abaixo o que os especialistas Lúcia Dellagnelo, diretora presidente do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb), Claudia Costin, Diretora-Geral do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, e Priscila Cruz, Presidente-Executiva do Todos Pela Educação, disseram:

 

Lucia Dellagnelo, do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB)

 

Para o processo de retomada, a gente vai ter que fazer uma avaliação diagnóstica muito clara do que os alunos conseguiram aprender. Como eles tiveram acessos diferentes, capacidade de acessos muito diferente, alguns conseguiram aprender alguma coisa, porque tinham as condições para tal e outros não aprenderam nada sobre determinados conteúdo. 

 

Então, ao voltar, a escola vai ter que ser esse lugar onde numa mesma sala de aula, vão ter alunos que conhecem o conteúdo e outros que não conhecem, não tiveram acesso. Então, aquelas diferenças de ritmo de aprendizagem que eu falei lá no começo, agora na retomada certamente vão estar muito claras e muito explícitas. 

 

E aí o professor vai ser demandado a oferecer para esse aluno que já aprendeu e precisa avançar nesse algumas atividades e para aqueles que precisam começar do zero, ele vai ter que também tá preparado a ensinar esses alunos. Não tem jeito de um professor fazer isso sozinho sem ter ajuda da tecnologia. Por quê? Porque ele vai ter que, oferecer ao mesmo tempo, níveis de conteúdo, diferentes níveis de atividades de projetos e ele vai precisar sim, então, de recursos tecnológicos que permita com que aquele aluno que não aprendeu nada, porque não teve acesso, tenha mais tempo de aprendizagem.

 


Claudia Costin, diretora geral do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro 

 

Não fantasie que até o final do ano eles vão recuperar toda a aprendizagem. A recuperação de aprendizagem vai levar mais do que esse ano letivo. E aproveito para fazer um alerta, não é esse ano que nós estamos pensando em reprovação, né? Nós estamos numa situação excepcional e nós vamos ter dois ou três anos para recuperar a aprendizagem dessas crianças. Então, lidar com crianças que já passaram por uma série de traumas num contexto que ainda é uma sociedade traumatizada, pensar em reprovação não é o caso. Mas é que o caso de pensar em um ensino bacana, que, de fato, trabalhe com todas as crianças. 

 

Então, essas crianças que tiveram problemas, eu tenho algumas alternativas para trabalhar com elas. Uma delas, elas participam do rodízio que os outros estarão sujeitos, mas ela vem todo dia trabalhando no laboratório de informática da escola. Essa é uma alternativa para quem tem laboratório de informática em ordem. Outra alternativa é, para além da carga que ele levará para casa para os dias de casa, mandar alguns cadernos suplementares para atividade em casa. Esse trabalho tem que ser mentorado de perto, porque não é uma atitude, como às vezes a gente tem com recuperação de aprendizado, quando não importa se o aluno fez ou não a atividade. 

 

Nós vamos ter que monitorar isso de perto, porque os pais das crianças não estão em casa. Então, tem que ter alguém que olhe para a organização do ambiente de aprendizagem dessa criança. Então, esse é um outro ponto importante para a recuperação de aprendizagem. 

 

É também importante fazer com o conjunto de alunos uma coisa que vai até impactar a recuperação de aprendizagem.

 

Aqui fica uma recomendação importante: todos nós temos um monte de livros didáticos, temos um currículo, alguns estão tentando priorizar tópicos em currículo. Eu faria uma coisa que dialoga com o que as crianças viveram. Por que não? Dependendo da série da criança,  trabalhar com aprendizagem baseada em projetos, fazendo um mega projeto sobre a Covid-19.

 

 

Priscila Cruz, Presidente-Executiva do Todos pela Educação

 

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) detalha, ela envolve uma série de aprendizagens, habilidades, a consolidação de muitas competências. Nesse momento, o que a gente precisa priorizar, que não significa abandonar esses outros componentes curriculares, mas o que precisamos priorizar muito fortemente: componentes curriculares que são pré-requisitos para aprendizagens futuras. Esses componentes que são muito basilares para outros precisam ser priorizados, porque se aquilo que escapar desse período agora, do curto prazo, for exatamente esses conceitos, a aprendizagem desse aluno estará de forma, talvez, irremediável, prejudicada