Caso você não possa assistir ao vídeo acima, leia abaixo o que os especialistas Priscila Cruz, Presidente-Executiva do Todos Pela Educação, Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Claudia Costin, diretora do centro de excelência e inovação em políticas educacionais da FGV-RJ e Cléria Melo, secretária de Educação de Três Marias (MG), disseram:

 

 

Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos pela Educação

 

Mais do que as horas, a gente tem uma obrigatoriedade de 800 horas desse ano letivo, a MP 934 vai falar um pouco mais a respeito e permitir que essas 800 horas atravessem para 2021. Primeira coisa que muitos municípios já estão fazendo e que eu, se fosse uma gestora municipal, também estaria fazendo, que é unir o calendário 2020 com o de 2021. A gente vai ter que tratar como um ciclo único. 

 

A questão para os municípios é que isso demanda um passar de bastão para uma gestão possivelmente diferente, se não houver reeleição. Por isso que é muito importante todo esse planejamento ficar muito bem descrito pelos memoriais descritivos desse planejamento muito bem feitos na secretaria para passar esse bastão para outra equipe. Se houver reeleição, é um pouco mais fácil, mas se não houver, esses memoriais precisam estar muito bem detalhados para passar esse bastão e a próxima gestão conseguir retomar esse trabalho.

 

Primeiro ponto: olhar para esse calendário como um ciclo único. No limite, até um ciclo de três anos, unindo 2020, 2021 e 2022, porque nesse período, vai ser o período em que esse tempo que estamos perdendo – e não dá para dourarmos a pílula ou usar adjetivos mais bonitinhos – estamos perdendo muitas horas de aprendizagem que não vamos conseguir recuperar em 2020. É só fazer conta. Se as aulas retornarem esse ano, não dá para fazer 800 horas em 2020. Tem que tratar mesmo como esse período expandido e fazer um planejamento para que aquilo que estava previsto de ensino e aprendizagem, atividades, cumprimento curricular, isso tudo tem que ser olhado em um ciclo maior, para poder diluir esse prejuízo em mais tempo e a gente conseguir o importante, que é garantir a aprendizagem e o desenvolvimento das habilidades, uma educação integral, que é mais conectada com a vida das crianças, faça sentido a elas e use a tecnologia de um jeito que até impulsione o humano.

 

Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime)

 

Nós temos que tomar cuidado e ter noção do que é, regime de exceção de pandemia. para que a gente não tenha um processo de perda de garantias e conquistas históricas na educação, como por exemplo, os 200 dias letivos, as 800 horas como carga mínima, Isso é uma conquista muito importante para a evolução da educação nos últimos anos. 

 

Claro que, nesse momento, temos situações de exceção, mas não pode virar regra. 

 

Claudia Costin, diretora geral do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro 

 

Eu vou ter que ser seletiva no currículo. Tenho que olhar para o currículo que eu queria dar e dizer: bom, essas coisas eu consigo trabalhar esse ano letivo ainda. Essas outras não, vou deixar para o ano que vem. Não tem problema fazer isso com a BNCC. O Conselho Nacional de Educação já disse que isso pode ser feito. Alguns institutos inclusive, fizeram, o mapa do foco da BNCC justamente explicando o que pode ser selecionado. Lacunas ficarão e não vamos ser otimistas demais. 

 

Algumas lacunas ficarão mesmo depois da recuperação de aprendizagem desse ano, mesmo depois disso tudo e nós vamos resolver nos anos seguintes.

 

Cléria Melo, secretária de Educação de Três Marias (MG)

 

É importante também que a escola, a secretaria de Educação, garanta a sistematização do registro de todas as atividades não presenciais durante esse tempo de afastamento, para a comprovação e autorização da composição da carga horária do aluno. É importante que a secretaria e as escolas criem mecanismos para registrar e validar essas atividades pedagógicas não presenciais. 

 

Outra questão também muito importante é a priorização da proposta político pedagógica a essa nova realidade pós pandemia. E, claro, a reorganização do calendário escolar.