No 3º dia de formação na Finlândia, dessa vez os educadores brasileiros tiveram a oportunidade de conhecer duas instituições na cidade de Porvoo, situada na costa do sul, a 45 minutos de Helsinki, com cerca de 50 mil habitantes.

 

 

A primeira da lista foi a Toukovuori Kindergarten, única creche pública da cidade. Sua estrutura também foi pensada para abrigar os pequenos, com arquitetura moderna, cores pastéis e portas e janelas amplas de vidro, pensadas para ter o máximo de luz natural possível. O grupo foi recebido pela vice-diretora Anne Elenius-Pakkari, que contou um pouco sobre as atividades realizadas lá e pela consultora de educação finlandesa Eeva Penttila, que acompanhou a comitiva durante toda a jornada. 

 

A educação infantil não é obrigatória no país e fica a critério dos pais matricular, ou não, os filhos em uma creche, que pode ser pública ou particular, mas há uma forte recomendação em incluir as crianças nesse sistema a partir dos 3 anos. “O direito à creche é da criança e não da família. Acreditamos que ela tem o direito de viver em sociedade. Especialmente nestas áreas de Helsinki, onde há muitos imigrantes e eles tendem a manter os pequenos em casa”, disse Eeva.

 

 

O direito à creche começa, quando a licença maternidade 100% remunerada termina. E isso acontece quando o bebê tem aproximadamente 10 meses. No primeiro ano, a mãe tem direito à licença completa. No segundo e terceiro ano, o valor diminui gradativamente. Parte deste período pode ser tirada tanto pela mãe quanto pelo pai ou ser dividido entre os dois. “No ano passado, o governo reduziu em duas horas o horário da creche para aumentar a convivência familiar entre pais e filhos. Hoje, o direito da criança por lei é de ter 20 horas semanais de atendimento, mas muitas instituições aumentam essa quantidade, de acordo com a necessidade dos pais”, comentou a vice-diretora. As horas sobressalentes são pagas.

 

Como é a única na cidade, a Toukovuori, assim como algumas creches do país, atende 24h por dia, sete vezes na semana. Ela funciona para pais que trabalham em turnos. Aberta ao público em dezembro de 2017, aceita, inclusive, crianças de outras creches para dormir à noite quando os pais trabalham nesse horário. São 113 vagas, mas atualmente há 80 crianças frequentando o local, além de 25 professores, 12 assistentes de enfermagem e um diretor. Elas se dividem em seis grupos diferentes para a realização de atividades. Os pequenos de 6 anos estão lá somente para cuidado e brincadeiras, porque não existe pré-escola na região. “Em alguns municípios, é possível incluir esta faixa etária dentro da creche ou dentro da escola”, comentou Anne.

 

 

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A importância do brincar

 

As crianças passam o dia na escola ou passeando pela cidade, entre parques e florestas e intercalam atividades guiadas (artes, brincadeiras, histórias etc.) com tempo para brincar livremente. A responsável pela instituição é enfática ao falar sobre a importância de atividades externas: “Queremos uma participação ativa das crianças, com ações pensadas para elas se exercitarem de 3 a 4 horas por dia. Só não saímos com os alunos quando a temperatura está abaixo de -15º”, ressaltando que os períodos fora são intercalados entre 15 a 30 minutos e os bebês não saem nos dias mais frios.

 

 

Cada educador é responsável por, no máximo, sete crianças, mas na Toukovuori há somente quatro por profissional. Lembrando que para cuidar dos pequenos, os professores precisam ter três anos de formação. É também uma tendência construir creches próximas de asilos e unir as duas instituições, fazendo atividades em conjunto, com visitas regulares e festas.

 

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Linnajoki School 

 

Terminada a visita na creche, o grupo partiu para a Linnajoki School, escola dedicada a alunos do 7º ao 9º ano. São 54 professores e 554 adolescentes divididos em oito turmas por ano com três classes para alunos especiais. O dia começa às 8h e pode ir até 14h45, dependendo do dia da semana.

 

A diretora Paivi Outnen recebeu os educadores em uma sala e, após uma conversa e o almoço no refeitório da escola, dividiu o grupo em seis, cada um deles guiado por ‘estudantes-guias’ da própria escola. “Tivemos a oportunidade de conversar diretamente com os alunos e ficamos impressionados com a ótima estrutura da instituição. Os jovens ainda tiveram a ‘coragem’ de reclamar que a escola era antiga e estava passando por algumas reformas”, comentou a técnica da Secretaria de Educação de Ibiraçu, Ingrid Croce. 

 

 

Assim como nas outras instituições, a diretora conta com um grupo de apoio pedagógico com outros quatro professores que, juntos, cuidam do bem-estar de todos. De psicóloga a orientador profissional, todo aluno tem direito também ao reforço escolar. Em toda classe há um professor e um assistente.

 

Até o 6º ano, os alunos foram atendidos por uma professora polivalente, que ministrava todas as disciplinas. Do 7º em diante, eles contam com um professor especialista em cada sala temática, mas inclusive as aulas de disciplinas diferentes podem ser realizadas em conjunto entre os professores. 

 

 

Há matérias eletivas como Música, Artes e Economia Doméstica. E eles continuam tendo classes de culinária, corte e costura, marcenaria, soldagem, entre outras coisas desde o Ensino Fundamental. No quesito idiomas, os alunos têm aulas de sueco e finlandês, que são obrigatórios, e também podem estudar alemão, inglês e russo.

 

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Parada para o café

 

Depois de tanto conteúdo, os educadores tiveram a oportunidade de visitar o centro de Porvoo, segunda cidade mais antiga da Finlândia depois de Turku. Lá, residiu até sua morte o poeta nacional finlandês Johan Ludvig Runeberg. Quase todos os cafés da cidade oferecem, em sua homenagem, um bolo delicioso chamado ‘runebergintorttu’, criado pela sua esposa Frederika.

 

O grupo foi, então, convidado pela especialista em avaliação do Ministério da Educação da Finlândia Najat Quakrim-Soivio para um bate-papo num café local, com direito a chá, café com leite e o bolo tradicional para tirar as dúvidas que surgiram durante o dia.

 

Foi um ótimo bate-papo e um ótimo café. Kiitos! * E até amanhã!

 

* ‘Kiitos’ significa ‘obrigado’ em finlandês

 

Por Carolina Nunes, gestora de programas sociais do Instituto Votorantim

 

Ibiraçu e Aracruz foram premiados na categoria Destaque Nacional do Prêmio PVE, nas classificações até 20 mil habitantes e com mais de 20 mil habitantes respectivamente. A premiação ocorreu no início do ano, e se refere a ações realizadas nos municípios referentes a 2018.