O primeiro passo é chamar a família para a escola. É ali que educadores e responsáveis precisam firmar um acordo de cooperação pela aprendizagem do aluno. E a principal mensagem a ser propagada entre ambos, direcionada para a criança, é a de que ela pode aprender –- aconselha Maribel Selli, pedagoga graduada pela Universidade Federal de Santa Maria (RS), especialista em Educação Infantil, mestre em Educação e doutora em Informática na Educação (UFRGS).

 

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Mais espaços de escuta do lado da escola podem ajudar familiares e estudantes. Convém também que as escolas implementem formas de acolher as famílias e suas necessidades, bem como suas ideias do que pode funcionar nesta rede de apoio pelo aprendizado. Para isso, Susan Sheridan propõe a “regra dos três A’s”:

– Precisamos conhecer, estudar, compreender melhor o aluno que hoje está na escola pública, saber quais são suas potencialidades. Também precisa, da nossa parte como professor, entender melhor as famílias. Muitas vezes a gente atribui as dificuldades da sala de aula às famílias, mas penso que ainda não conhecemos bem os esforços que uma família de classe popular faz para ter seus filhos na escola – reflete Maria Amabile, coordenadora técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).

 

E, falando em escolas, é fundamental que os estudantes sintam-se acolhidos e respeitados. Como poderiam os jovens estar alheios ao processo educativo dedicado a eles?

 

Para que uma educação seja de qualidade, é preciso que faça sentido para as pessoas envolvidas. Paulo Freire trouxe muito deste conceito em sua Pedagogia da Autonomia. O conhecimento precisa ter pertinência e utilidade perceptível no dia a dia de cada aluno. Estudantes empenhados em construir sua própria trajetória de aprendizado acabam muito mais envolvidos, o que traz efetividade no processo educativo.

 

Investir no protagonismo de cada agente é de extrema importância para que vários aspectos de aprendizagem se consolidem. Este recurso contribui para trazer sentido e vontade de melhorar o ambiente escolar no qual os estudantes estão inseridos.
– Nos últimos 15 anos, os estudantes mudaram muito, exigem do professor uma atualização muito mais rápida, uma busca de conhecimentos e práticas que ele não conhece. Às vezes, ele sabe muito menos de tecnologia que um aluno de nove anos, e acho que isso coloca um pouco esse desafio de se atualizar muito mais rápido, de repensar práticas, modos de comunicação, porque ele não é o detentor da informação e do conhecimento – aponta Roberta Panico, diretora de desenvolvimento educacional da Comunidade Educativa CEDAC.